Depressão Poética XIX
Não deixes de sentir, ou morrerá a poesia…
Fiz-me prisioneiro de versos sem rima
Na dor que das letras desdobra
Fiz-me crente de gente sem vida
Onde perdem a glória do ofício
Fiz-me coitado sem amparo
Órfão das letras que declamo
Fiz-me poeta fingido no plágio
De sentires que copio de vós…
(…)
Nada sou de verdadeiro,
Tão pouco falso existe
Canto o mar distante sem ser visto
Saudades de amor com ele ao meu lado
Caem lágrimas de mãe,
De filhos que nunca tive
Amo corpos que não sonhei
Tão pouco em mim os desejei
Quanto mais falso serei?
(…)
As letras contam histórias
Que a vida me trás
Das tuas duras memórias
Que no silêncio escutei…