A Fera

Talvez seja eu apenas uma fera acuada

Um ser disforme que sente na pele

As dores não paridas de mim

São dores impostas e outorgadas

Que derretem causticamente minha alma

E deixam meu corpo carcomido

Ando tão cansada

Tão a flor da pele

Já nem sei o que será de mim

Nesta agonia desgraçada

Vestida de espinhos de palma

Vejo tudo distorcido

Não tenho mais nada

E ele ainda me repele

Sem dó ou piedade de mim

Saio correndo pela madrugada

Perdida

Louca

Desesperada

E ataco a todos que cruzam minha estrada

Eu a fera acuada

Perco toda a calma

Vocifero meus gemidos

Corro em disparada

Destruindo vidas

Eu a fera malvada

Carla Neumann
Enviado por Carla Neumann em 19/02/2017
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