Dicotomia

Tenho motivos íntimos para ser exatamente do jeito que sou

Meus erros não me definem, eu mesma me aperfeiçoo

Minha santidade pagã é o que mantém minha alma sã

Minhas inocências e artimanhas

despertam-me toda manhã

Cobrar de mim coerência será tarefa árdua e ingrata

Não busco o silêncio de ouro, quero a palavra de prata

Pois se até Deus, que é só poder, escreve por linhas tortas

Quero cometer ligeiros pecados fingindo-me de morta

E no atual momento de incerteza absoluta e mundial

Todos podem discutir, mas jamais definir o normal.

Não existe o normal, tudo o que existe são ondas e marés

Dentro de certos limites pode-se ser tudo o que se quiser

Tanto há por fazer ao mesmo tempo em um único dia

Nada prometo a você no momento, estou em dicotomia.