Fugindo da realidade
Hoje resolvi desafiar o céu
Amanheci disposto a rasgar o véu
Assim sendo, destilo em versos todo meu veneno:
São falsas as ações da humanidade
A caridade só faz bem aos canastrões
As religiões sobrevivem das maldades
A lealdade é uma conduta que só dura, até a próxima aventura
A democracia é a mãe da hipocrisia
José nunca foi pai do filho da Maria
Jesus morreu na cruz enquanto o Pai dormia
O diabo incendiou a noite e empesteou o dia
A guerra está por toda parte
Daqui até Marte só se vê destruição
A corrupção não causa mais espanto
Demônio e santo são agentes do pecado
O mundo está desgovernado e ninguém se importa
A esperança a muito já está morta
A sociedade decretou falência
A ciência causou dependência
A potência destruiu a ilusão
A razão perdeu o sentido
O sentido não define mais a direção
O trem que transporta o bem segue em disparada pela contramão
A criatura virou refém da criação
O criador perdeu a identidade
A sociedade fez “Dele” o seu escudo
E eu, que até aqui permaneci calado, em versos mando o meu recado e simplesmente, fujo