POEMA NOVO
Não dá,
Os versos não são intransitivos,
E nós nunca formamos tempo no agora,
Quando a concordância no homem,
Se esbarra numa forma caduca,
O tempo é quebrado no medo...
Nosso corpo é frio ou feio...
E teremos rugas de meia idades.
Não dá,
De tantos delírios, e pouca razão,
Não soubemos aliar a dor,
E tínhamos na cama nossos corpos,
Mais, nossas almas, ainda nem soube deitar.
Miséria, como somos poucos quando temos medo.
Não dá,
Eu, tu! Tu, eu!
Pouco versos, nesta rima!
Tu verso eu,
Eu verso tu,
Não dá poema isso...
Não dá,
Nem na vida,
Nem na poesia,
Nem no tédio,
Nem na folia...
Não dá...
Essa cachaça amarga,
Essa cidade com cais,
Mas sem mar...
Não dá,
Na missão,
Na oratório,
Na sacristia,
Não dá,
E nossa cidade,
Se vestir sem cor,
Mas quem chega em Salgadinho em junho,
Ver tudo em festa...
Mas, minha amada se perde de mim na fogueira,
Volta fumaça de mim...
A um verbo pronto,
E toda poesia, vinga desde tempo,
Não dá,
Formou-se,
Homem, mentira! nem poeta!
Formou-se,
Esposa, outro amante,
E não teve verso,
Não teve, verbo...
E esse verbo intransitivo,
Não diz nada novo!