Alma de Hiena
Sempre vivi do recurso já exaurido,
Se do ar, respirei apenas o poluído,
Se do tempo, constei o agonizante,
Se da moral, aprendi a degradante.
Comi princípios e fins, comi os dias,
Guardei a dor das minhas covardias,
Se no trajeto não encontrei a trilha,
Abandonei pelo caminho a matilha.
Sempre subi os degraus mais altos,
Perdi coisas e coragem em assaltos,
Acreditei na história pichada na rua,
Na nuvem vi a sombra da luz da lua.
Comi restos frios dos pratos rasos,
Se da estima, fui o ego dos acasos,
Dividi na vida, o pouco com o nada,
No sentença fui a parte condenada.