ASAS DA POESIA
A poesia anda escassa, amiga
Embora rico seja o terreno
E existam imagens no movimento do mar.
Ela, a moça poesia, perambula
Tal qual deusa de profundas águas,
Transmuta-se em mulher de renome,
Circula,
Fermenta-me o cérebro, às vezes some.
Revoluções na sensibilidade ela traz
Óxido nítrico em vasos sanguíneos,
Dilata-os,
Despeja versos na areia de longínqua praia.
De alta e antiga janela, atrás
É vaso com gerânios,
Ornamentando longas paredes, em que jaz.
Noite de lua cheia, lá está ela,
oh! Águia de Haia
Mulher da escrita
A poesia, confundida, Bendita
Entre a calçada e a lua
De distante frutífera rua,
Habita.
Parideira de versos nesta poetisa menor,
Divaga a poesia, inspira
Por tempos, sumida, sem lira
Algumas vezes um poema desnuda, delira.
No adiantado da hora
Entre tantas Marias
Mestra permita-me, Senhora
Compará-la às gaivotas de Neruda.
Eram dele permanentes musas,
Voejantes em linhas reclusas
Constantes
As morenas asas andaluzas.