Prece aos sentidos

Que eu enxergue bem,

mas nunca tão bem

a ponto de não intuir;

Que eu retoque com as mãos

aquilo que os olhos virem

e apalpe com a pele

os mistérios do invisível;

Que não me escape a audição

para a penetração das palavras

mas não me faltem os barulhos

que não se deixam decifrar por elas;

Que eu conte com a língua

para acessar o gosto,

mas jamais se omita o olfato

para que eu frua o sabor;

Que eu sinta, enfim,

o umami dos sentidos,

a deliciosa experiência

de gozar para além do doce

também azedo, amargo ou salgado

paladar do viver.