Cântico ao Pássaro Azul
Amanheço e sou recebido por uma manhã radiante
Onde um céu vigilante, pintalgado de nuvens me espia
Abro a janela do meu quarto e sinto a ausência sufocante
Do meu pássaro azul que pontualmente me traz o bom-dia!
Onde andará essa figurinha grácil de voz gorjeante, canora
Que vejo atrás da vidraça bebericando da água do vasilhame
Posto no peitoril da esquadria ao tempo que se banha, revigora
E logo após alça voo na amplidão dos ares sem algum vexame
Investigo a copa das árvores, perscruto toda a sorte de ramaria
E nada, nem um pipilar sequer, nada, nada que se me aproxime
À sua costumeira apresentação tão plena e composta de cortesia
Deixa-me deveras atônito e não há nada por fazer que me anime
Nisto, um sol esfuziante dardeja raios solares de encontro a mim
E em seu leque de luz permeava a silhueta de um sagaz passarinho
A trilar com alvoroço e presos em suas asinhas raminhos de jasmim
Fazendo-me crer que tal demora acontecera por culpa do solzinho...