Os olhos de uma criança.
Rio, 15. 02. 2017.
Os olhos de uma criança.
Não repare esses meus
Olhos destoantes, pérolas pueris,
Num corpo adulto.
Não se sintas assim tão confuso,
Deixa que eu te explique
Esse mistério oculto.
Meus olhos ficaram alheios ao tempo,
Não se deixaram contaminar
pela rudeza do mundo.
Conservam ainda esse
mesmo indício dos seus,
De se encantar com a flor,
Com céu, com o mar,
com as coisas de Deus.
É isso que te faz se admirar de mim...
Essa afinidade dos
Nossos olhos infantis.
Mas veja que o tempo não
Poupou meu grande
Corpo encurvado,
Minha pele sem brilho.
E ao cruzar com os teus
Olhos nesse dia vadio,
Meu rosto enrugado se
Ilumina de afeto e lembranças.
É que apesar de toda a
Minha idade e do tempo ter
Moldado meu semblante
Com ar de arrogância...
ainda trago, nos olhos,
Esse brilho incontido,
Que não é apenas resquício,
É mesmo esperança.
Esse mesmo brilho
Que também existe nos
teus olhos de criança.
Clayton Márcio.