DESINTERESIOLOGIA CRÔNICA
Eu to rindo do nariz do lojista
que é, otorrinolaringologista,
enquanto o paralelepípedo
de pensamento rígido e patibular,
aguarda frio e letárgico
o bêbado que caminha desassossegado.
Não sei se estou agendado para a radioscopia
no consultório do oftalmologista,
pois tive que passar por uma estereoscopia
numa sala de ultra-sonografia.
E segundo o médico especialista
eu tenho uma ótima visão,
e um grande saco
pra suportar os jornalistas
com suas falcatruas
nas emissoras de televisão.
Não me foi necessário fazer vasectomia,
mas um eletrocardiográfico
com sua estenografia
mostrou-me no gráfico
o que eu já previa.
Pois sofro de desinteresiologia crônica.
Um mal raríssimo neste universo,
de quem leva uma vida cômica,
entre um e outro verso,
tentando mostrar ao público,
que não só os eternos sentimentos,
causa-nos grandes sofrimentos,
como outros do nosso cotidiano,
que nos faz arrancar até os pelos pubianos.
Nova Serrana (MG), 28 de julho de 2009.