COMBOIO

O comboio que segue o morto

A vida insistente que segue a morte.

O corpo segue sobre a estrada levado

Por humanos Carontes em procissão

Ultrajando o ofício indolor do mito.

Cada lágrima expulsa é fiada nas contas

Do cordão velho de débitos do morto.

O séquito segue chorando, criando águas

Para fluidificar o avanço da balsa do defunto

Rumo à eternidade, na qual, um dia, todos estarão juntos.