TEATRO

A VIDA ENSAIA

EM GRANDE TEATRO

SEM HUMANIDADE,

ALGUÉM DESMAIA,

PRIMEIRO ATO DA VERDADE,

ABRE A CORTINA,

FECHA CORTINA

TANTOS ATOS ...

ODEIO, CHORO, AMO,

QUAL É O MEU PAPEL?

SEREI TIRANO,

OU BONECO DE CORDEL?

TALVEZ UM SUBSTRATO

DO NOSSO SISTEMA,

SEM BRILHO, OPACO,

SEM LENÇO,

SEM LEMA,

SEM RUMO ...

NO MEIO DE FRACOS,

CONTEMPLO A VIDA,

A VIDA ME OLHA

COMO FERA FERIDA,

E A CHUVA CAI E MOLHA

TANTAS MÁSCARAS DE INGENUIDADE,

TANTA HIPOCRISIA NA CARIDADE,

É NOSSO TEATRO DE ILUSÃO,

PALCO SOMBRIO

DE ATORES SEM PÃO,

TRISTE REALIDADE,

CONTEXTO SOCIAL QUE MATA,

EM CADA CANTO

UM LAMENTO, UM PRANTO,

MAS HÁ SEMPRE UM RISO IRÔNICO,

QUE DEBOCHA E DESACATA,

O DIREITO DE SER

O DIREITO DE VIVER,

E AINDA CONTRACENO

COM TANTOS IMPOSTORES!

NESTE TEATRO OBSCENO

DE CEGOS COMPOSITORES,

NÃO ESCOLHO,

NÃO SOU ESCOLHIDO ...

QUERO RESPOSTA

E SOU PRETERIDO,

AH! PALCO CATIVEIRO

QUE SUGA E CORROE,

LONGE DE SER HERÓI,

EIS O QUE SOU

POBRE E SIMPLES BRASILEIRO.

Andrade Jorge

direitos autorais reservados

ANDRADE JORGE
Enviado por ANDRADE JORGE em 03/08/2007
Reeditado em 13/06/2019
Código do texto: T590882
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