Uma essência a desvendar
Me chega a penumbra dos sonhos
trago sempre um lírio na lapela, um fulgor frenético
uma orla escondida,
um coração estilhaçado em menor degrau
Sob a lua exaurida , flui-se num mar sigiloso
interminável,torvelinhos,tramas.
No vestígio dos corpos celestes, carrego sempre
olências que pairam ,resquício de sol,
Sementes de luz, retalhos argenteados.
Sei que, nos teus lábios, nunca soube sentir o tempo
porque és mais lépido na maciez de suas mãos
Por isso, no barco sombrio que me invade,
na mão, trago sempre uma querena de remanso,
um arrimo verde, um rol de velas rosadas.
Numa palavra fluida,ondula, por vezes,
um lábio insensato, uma curva abrasada,
um ponto de evasão.
Por isso, nos caudais de seda, trago sempre
na lapela, uma orla, uma rebeca,
um medidor flutuante, um resquício de cal,
uma cauda de lava, um farrapo de estrela a pairar ao vento,
num colo de luz,
por entre um reflexo cinza, um olhar límpido,
uma ninfeia intacta,
ou a olência de um gerânio adormecido em páginas.
Aucione Rodrigues da Silva-10/02/17 as 15:32