ENTRE TAÇAS E CHAMEGOS
Que amor é esse que só ama embriagado,
e, quando sóbrio, me procura, em distração?...
Só telefona quando está amargurado,
nas intenções de alegrar seu coração...
Mesmo cercado de amigos, sente-se só,
e a sua alma tem a parceira solidão...
Pede taças e mais taças, não se contenta,
não satisfaz o seu pobre coração...
Embriagado e, totalmente, transformado,
me pede que eu o leve ao seu lar...
É o aconchego de um ébrio obstinado
que no amor é um mestre para amar...
No rola-rola, entre taças e chamegos,
insaciável, é furacão em evidência...
Eu me vejo entrelaçada em seus apegos,
nas reações de sua própria abstinência...
Quando acorda me pede uma dose,
não obedeço ao seu pedido compulsivo...
e o levo à farmácia para aplicar uma glicose
e, nessa dose, ele dorme... com motivo.