ENTRE TAÇAS E CHAMEGOS

Que amor é esse que só ama embriagado,

e, quando sóbrio, me procura, em distração?...

Só telefona quando está amargurado,

nas intenções de alegrar seu coração...

Mesmo cercado de amigos, sente-se só,

e a sua alma tem a parceira solidão...

Pede taças e mais taças, não se contenta,

não satisfaz o seu pobre coração...

Embriagado e, totalmente, transformado,

me pede que eu o leve ao seu lar...

É o aconchego de um ébrio obstinado

que no amor é um mestre para amar...

No rola-rola, entre taças e chamegos,

insaciável, é furacão em evidência...

Eu me vejo entrelaçada em seus apegos,

nas reações de sua própria abstinência...

Quando acorda me pede uma dose,

não obedeço ao seu pedido compulsivo...

e o levo à farmácia para aplicar uma glicose

e, nessa dose, ele dorme... com motivo.

regis costa
Enviado por regis costa em 03/08/2007
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