FRAGMENTOS DE SAUDADES ll.
Depois de uma manhã de aula,
um lépido almoço,e uma tarde quente.
Lá se vai o poeta para a guia de bois,
idas e vindas,tudo na monotonia.
Eu não sabia, mas a terra se abria
mostrando seu seio ao céu e aos pássaros.
Papai conduz o cabo do arado,
eu maestro,dizia , foge Roxinho entra Moreno.
Lá se vem mornamente a tarde,
o céu era um grande mar azul.
De passo em passo, de baba em baba
preparávamos a mesa do amanhã.
Foge Moreno entra Roxinho,
era musica que mais cantava.
A terra tombada meus olhos encantava,
meu coração era a extensão da felicidade.
Mais tarde lá vinha a enxada,
o batido rouco do compasso, a cova ficava,
E nela a semente dormia ,
três quatro, três quatro, três quatro.
O céu fechava e a chuva vinha
transformar a vermelha paisagem.
Eu escutava a poesia do sertão,
como uma criança a do infinito.
Hoje sou um cidadão urbano
amarrado pelas minhas saudades.
Bebo, respiro ,alimento
dos poemas que não escrevi.
Enquanto o tempo me desgasta,
vou renascendo como uma semente.