FRAGMENTOS DE SAUDADES ll.

Depois de uma manhã de aula,

um lépido almoço,e uma tarde quente.

Lá se vai o poeta para a guia de bois,

idas e vindas,tudo na monotonia.

Eu não sabia, mas a terra se abria

mostrando seu seio ao céu e aos pássaros.

Papai conduz o cabo do arado,

eu maestro,dizia , foge Roxinho entra Moreno.

Lá se vem mornamente a tarde,

o céu era um grande mar azul.

De passo em passo, de baba em baba

preparávamos a mesa do amanhã.

Foge Moreno entra Roxinho,

era musica que mais cantava.

A terra tombada meus olhos encantava,

meu coração era a extensão da felicidade.

Mais tarde lá vinha a enxada,

o batido rouco do compasso, a cova ficava,

E nela a semente dormia ,

três quatro, três quatro, três quatro.

O céu fechava e a chuva vinha

transformar a vermelha paisagem.

Eu escutava a poesia do sertão,

como uma criança a do infinito.

Hoje sou um cidadão urbano

amarrado pelas minhas saudades.

Bebo, respiro ,alimento

dos poemas que não escrevi.

Enquanto o tempo me desgasta,

vou renascendo como uma semente.

Divino Ângelo Rola
Enviado por Divino Ângelo Rola em 10/02/2017
Código do texto: T5907912
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