UM CERTO FORNO


Meu melhor ângulo! Chega a ser lúdico
O modo como fica estranha a perna...
Parece um bicho entrando em má caverna
Da qual jamais sairá, seu drama é único –
O escuro a desafiar qualquer lanterna.
 
Dizer adeus é sempre tão estúpido
Ou só quando o que busco evoca o eterno?
Eu não me reconhecerei no inferno
Mais que essa nuvem que chegou, de súbito,
Retoque azul no cinza desse inverno.
 
De que me vale um Pulitzer no túmulo?
Hipócritas senões calando em torno
Do que no fim das contas é só um forno,
Diadema que me baste ou negro cúmulo
Embotando a beleza em dia morno.
 
Um sono a enrijecer o mesmo músculo
Febril que dava ritmo, a dor retorna
De não ser dor o que ainda faz supor na
Distância doutros passos um crepúsculo
Diluindo essas paisagens que transtorna.
 
 
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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 09/02/2017
Reeditado em 12/05/2017
Código do texto: T5907820
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