Nasci para ser bico de passarinho
Quis nascer homem
Porém vim das flores
De vez em quando, como quem não quer nada, volto à elas
Cabisbaixo como um defunto que acordou
E não viu mais ninguém
Nasci para forrar a terra de sementes, folhas, galhos, estrume,
bambus
E logo de fogo, depois arado
Porque nada depende de mim
Nem o ser, nem a visão que tenho
Tudo se conduz por si, tudo vai se levando como um rio
Que passou e passou... e passa.
Tudo se conduz sem um propósito
Nasço sem função.