Poeta, quem és?
Sou mundo
Sou massa, sou pó
Sou estátua modelada
Sou imagem, sou só
Sou intenção desfacelada.
Sou mudo.
Sou iluminado
Sou sopro imaculado
Sou desvelado
Sou amado
Sou fértil e formador
Metade que se torna dor
Dor fecunda, sou sonhador
Mulher gerada, sou amor.
Sou enganado, abortador
Sou iludido
Sou filho pródigo e pecador
Sou mau, sou bandido
Sou e causo dor
Sou pó, mas lembrança
Sou luz achada, sou criança
Sou decisão e esperança
Sou viver e semelhança.
Sou cura e imensidão
Sou fé e coração
Sou eu, emoção
Sou luta e luz
Sou cruz e contemplação
Sou trabalho, sou clemente
Sou verdade, resistente
Sou escolha, sou caminho
Sou eternidade, sou ninho
Sou chuva, sou garoa
Não sou Deus
Sou quase Pessoa.
Sou sensível e delicado
Sou detalhista, relicário
Sou apreciador amiúde
Sou sentimentos à plenitude
Sou intensidade, final de tarde
Manhã chorosa.
Sou caneta, sou prosa
Sou caderno, sou rosa
Sou palavras e devoção
Sou mais um poeta da constelação