E todos são eu
Eu queria ter uma aposta para ganhar
E o direito de esquecê-la.
Queria ter um caso particular,
Uma luminária acesa em uma mesa de luxo.
Queria ser o gole de conhaque na noite fria
E a fumaça do cigarro que dá força aos solitários.
Na noite, acaba o tempo, acorda a vida,
Dorme o dia, sob escombros.
Adormeço e sou todos.
Acossado, sou liberdade.
Ofendido, sou gratidão.
Usurpado, sou doador.
Planetas e mistérios em minha cabeça que dói.
Cabeças de prego no tabuleiro de jogo da criança.
Eu, sentado ao lado dos amigos mortos.
Todos eles com o mesmo rosto:
A face partida ao meio por uma cicatriz terrível.
E todos são eu.