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Canta galo de rinha,
A estrela se foi embrulhada ao escuro,
E por trás desta voz, deste muro,
Mais uma noite acordou.
Chuveiros ligados, escovas de dentes,
Ressacas e sonhos, jeans e saudades,
Tocam berrantes, levantam confrades.
Cada um no seu limite, pares de tênis,
Colchão no chão, cotas de aluguel,
Não parece templo, nem bordel.
Canta galo de rinha,
Algum encanto aqui carinha,
Harmoniosamente ansiosos e sãos,
Na simplicidade do pacto de irmãos,
Que irreversivelmente estarão no passado.
02/07/1990