Tenho razões para estar triste
Tenho razões para estar triste,
Tenho o direito de ser triste.
Devia era ficar charape no meu canto,
Mão no rosto,
Olhos vendo por entre os dedos,
Escondido de mim.
Tartaruga, tartaruga, sim!
Tinha de ficar era esquecido,
Inaproveitado e inaproveitável
No meu canto,
Quais as bolas velhas de futebol,
Deixadas à chuva, ao sol,
Ao tempo, ao vento...
Podre, nojento, escumante, baboso...
E não!
Também me vêm dizer
Que desejam minha boa sorte
Pra lhes ser útil um dia,
Que depressa seja alguém
Na vida e lhes valer, a eles,
Aqueles a quem tenho inveja
E a quem tanto admiro...
(Belo Horizonte, MG/1969)