poética
O mundo, à vida, eita estado poético!
Como é doce saber que tudo terá fim,
Teu uso sobre minhas carências,
Minhas palavras, neste poema tosco,
Minha ressaca em salgadinho,
Meu berro,
Meu vomito,
Minha banal construção de nossas prefeitas ilusões!
O mundo, à vida, eita estado poético!
Já andei bêbado em salgadinho,
E como é acolhedor as ruas,
As casas,
As pessoas...
Deus! Estou em casa...
Como posso deitar e dormir em paz em salgadinho!
Colo de mãe.
Deitai manso... poeta!
Levanta poeta! Levanta...
O copo ainda está cheio,
E de amores somos sóbrios!
O mundo,
A vida...
Ver! tantos morrem como de véspera,
Homens chegam em suas casas com armaduras de tempo,
Sem tempo,
Sem amor a tempo,
Sem família a tempo,
Bebem, comem e dormem,
Num tempo perdido...
Livrai-me...
Livrai-me...
Desde tempo de homens!
O mundo!
Está onde, esse carrossel.
Essa roda,
Essa mágica do possível!
Essa seta torta,
Esses versos despidos de regras,
Essa norma caduca...
Esse pecado, em todos os atos,
A vida!
Só em salgadinho tenho vida,
Nunca tive mulher, em salgadinho,
Nunca tive fé,
Tenho família,
Amigos...
Tenho as ruas,
As casas,
E um monte de olhares,
Que é pelo fato de estar sempre...
Em casa...
O mundo...
Eu vi o mundo,
Ele acaba em salgadinho!