Poética dos ventos
Vento que adorna a atmosfera
Que espalha perfume de poesia
A leveza a preencher as janelas
Num frenesi de sensações e fragrâncias
Traços da saudosa meteorologia
Vento que vibra as árvores esguias
Num anunciar de magnificência
Um verdadeiro espetáculo natural
De encanto e doce magia
Vento que sopra secas folhagens
Que faz antigos moinhos girarem
Que varre os lares num quadrante torrencial
Que arrasta as lembranças do lenço de renda
Que inquieta as cortinas e seca o varal
É o mesmo que leva as dores
Afaga os amores
Mas também esfria o jantar
Se difunde nos pedaços do cristal
Nos cabelos esvoaçantes
Em fogueiras acesas a brilhar
Vento que inspira grandes Descobertas
E lendas de corsários em alto mar
Que iça e insufla as velas da vida
Direcionando os rumos de navegações
Confundindo o caminho às Índias
Impetuosa natureza dos ventos
Abre caminhos à emoções libertadoras
Faz laços acetinados de imaginações
Transporta a poeira de desertas memórias
Sopra sementes prolíficas de inspirações
Espalha o aroma do café
Abala as vigas da saudade
Completa o brilho matinal do sol
O dourado da viração da tarde
Na diáfana potência noturna
Numa miríade de sensações,
Profusa sapiência adornada
Do curso dos ventos e suas ilusões.