Em derredor
Há uma voz
Rindo de mim no meio da noite!
Me contento em não ver.
- Ou não posso ver? –
Procuro não procurar.
-Será que, se tentasse, acharia?
Há uma voz
Rindo de mim no meio da noite!
(Sei lá quem é, sei lá se há!)
É bom fingir!
Me abraço aos modernismos,
Me proclamo um realista
Que não tem medo,
Que não tem medo...
Que não chora,
Que não chora...
Mas há uma voz
Rindo de mim no meio da noite!
Muito atrás,
Estacionaram muitas coisas.
Muito atrás, muitas coisas!
Vim seguindo,
Claro em derredor, muito claro!
Só em derredor, mas hoje, agora,
Num outro derredor,
Nasceu uma sombra, uma névoa,
Uma noite...
Há uma voz
Rindo de mim no meio da noite!
(sei lá quem é, sei lá se há!)
(Belo Horizonte, MG/1969)