QUANDO A POESIA COMEU MEU CORPO
Quando a poesia comeu meu corpo
Rasgou-me a roupa, a pele e o osso
Lambeu-me das pernas até o pescoço
Comeu a carne e roeu o caroço
Eu, ainda no pé feito fruta de vez,
Não sabia se era doce ou acidez
Se era fome, sede, efeito sinestésico
Não sabia se era eu ou se era o verso
Agora de frente com a poesia no prato
Tempero os estrofes, sacio-me, engulo
A poesia sou eu, a me degustar
Autofagia, canibalismo, eu e você a nos devorar.
Desde você, a poesia virou prosa.
E todos meus versos são pra te comer.