Deserto dos tártaros

Deitado na rede,

eu,

livro na mão para ler,

fui surpreendido

por uma figura quase Quixotesca:

Giovanni Drogo,

montando um garboso ginete,

saído da atmosfera

montanhosa

daquelas páginas inóspitas,

ásperas,

porosas,

dizendo-me

que eu não permitisse

a vitória do tempo

sobre meu ser,

que fugisse,

escapulisse

dali,

galopasse sobre

as estrelas

rumo

à liberdade

de um Nirvana pessoal,

fim

e

início

de tudo,

luz...

A rede esvaziou-se.

Desapareci totalmente.

Um Dino Buzzati

de capa dura,

ali no chão

fechado

foi tudo o que restou

deste

delírio onírico,

apenas...