Poema para o homem de preto
E olhou para o céu
Em um dia de chuva intensa
Em sua boca dentes gastos
Amarelados de tempo e nicotina
E olhou para a vida
Em um dia denso de destino
Em suas mãos rugas atemporais
Desde menino propensão à velhice
E olhou para a casa
Em um dia de silêncio eterno
Em seu corpo miúdo e úmido
Havia cheiros mortos havia saudades
E olhou para si mesmo
Em dia de luto, de luta, de preto
Milton Oliveira
02fev/2017