O TEATRO DO OLHAR
Ele a olhava...
Quando ela não estava olhando.
Mas ela o via, e disfarçava;
Pois eram tímidos, ambos...
Era uma troca de olhares
Que se procuravam
Entretanto, jamais se encontravam.
Quando um olhar chegava, o outro partia,
Porém, não o perdia ainda assim de vista...
Quando aos outros olhos partia.
E nesta de olhares pra cá e olhares pra lá...
Ficaram o dia inteiro...
E então este dia acabou-se
cada qual foi para sua casa;
O rapaz e a moça.
O tímido e a timidez.
E se, não fossem assim
A história teria um outro fim...
Pois aquele simples gesto de olhar
Certamente tornaria-se o doce ato
Apaixonado e adocicado
Do verbo amar.