Coração Oxigenado

Eis que viajo na flâmula do tempo.

Contemplo a vida, cheiro vida, esbato em vida,

no decurso do meu voo.

Espio o cais lá adiante, as vagas não arrebentam lá,

veem arrojadas contra o paredão do meu peito

e eu as aparo com insólito deleite.

Gaivotas sobrevoam e aspiram ao peixe luzidio

na piscosa água crespa e ondulante.

Não estou só: penso em ti!

E oxigeno meu coração com a tua imagem,

sôfrega por beijos, ardente por carícias...

Sei que me esperas além do curvo horizonte

e hei de me abastecer em teus cálidos beijos,

voluptuosos abraços aquecerão minha carne excitada.

Me acolherás no topo da montanha quase inacessível,

pois aí está o fascínio de buscar-te, envolver-te em afagos,

sob a ogiva do céu lustroso e de nuvens opalescentes.

Flores orlarão o caminho que me conduzirá a ti,

o balir das ovelhas anunciará qual arauto do amor,

a minha ansiada chegada, o meu sorriso entalhado na face,

a felicidade exposta tal um brasão de quem carrega amores,

o bastião que te protege dos avulsos gladiadores,

o homem que te fará mulher aos olhos de Deus,

ante a inércia do tempo que retardará o ocaso.

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 01/02/2017
Código do texto: T5899633
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.