MENINO DO MATO.
Pensei! Não virá!
debrucei sobre os braços,
fixei o além.
E as nuvens foram aos
poucos arredando.
Lá vem ela... Ela veio...
sorri como criança,
ela veio despida,
redonda e dourada,
como moeda nova,
querendo circular,
penetrou em mim,
rasgou-me o tecido da
alma,
como uma mão guardiã,
pôs brilho na noite,
acendeu minha escuridão,
me olhou, me quis por
inteiro,
como o mar quer
a embarcação,
pôs um sorriso na minha
tristeza,
apalpou minha dor com
teus rubis,
me pôs na linha,
me deu adeus e retirou-se,
foi indo... Indo...Indo...
se escondeu atrás do monte,
me deixou
metido numa noite,
enquanto o sono não
veio,
fui servindo dos raios
como se não houvesse
outras noites de esperas,
e meus olhos, hum,
meus olhos marejados,
como um menino
bocoió ,bicho do mato.
Sai do poema, permita-me
caro leitor
abrir estas aspas,
lembrei-me da vovó,
falando a palavra bocoió,
bicho do mato,
a lua se foi,isto é real,
a palavra bocoió,
bicho do mato
é só mais uma pérola
que estava perdida
e recuperei.