QUE MERDA

QUE MERDA

Olha com desimportância

A prateação da lua

O tremeluzir das estrelas

Uma cadente que se vai

Um arrebol que nasce

Uma estrela que cega

Uma nuvem sem fantasia

Uma onda de pingos

Mas nada vê

Nada sente

Os pés no chão

Enraizados de gravidade

Achata os sentimentos

Com paz conseguida em guerra

Com limpeza étnica envergonhada

Com ética em desuso

Com visões cerceadas de muros

Com murros sem luvas de pelica

Com massacres patrocinados

Com presos presidiários

Com presos condominiados

Com vibrações de morte

Com azares que se dizem sortes

Com lixos emporcalhados

Com porcos endeusados

E os sentidos definham

Largados ao léu

Continua olhando o céu

Querendo subir ao inferno

Onde a quentura

Talvez não seja tão dura

Quanto a frieza

Que se espraia em vida

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 29/01/2017
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