QUE MERDA
QUE MERDA
Olha com desimportância
A prateação da lua
O tremeluzir das estrelas
Uma cadente que se vai
Um arrebol que nasce
Uma estrela que cega
Uma nuvem sem fantasia
Uma onda de pingos
Mas nada vê
Nada sente
Os pés no chão
Enraizados de gravidade
Achata os sentimentos
Com paz conseguida em guerra
Com limpeza étnica envergonhada
Com ética em desuso
Com visões cerceadas de muros
Com murros sem luvas de pelica
Com massacres patrocinados
Com presos presidiários
Com presos condominiados
Com vibrações de morte
Com azares que se dizem sortes
Com lixos emporcalhados
Com porcos endeusados
E os sentidos definham
Largados ao léu
Continua olhando o céu
Querendo subir ao inferno
Onde a quentura
Talvez não seja tão dura
Quanto a frieza
Que se espraia em vida