Pastar ou poema existencialista

Quanto pasto há na palavra

Pastar!

Tem o som silencioso da paz

Carrega a duração do ar

E ainda guarda

um entroncamento destes

ante o qual, como todo ante,

um lugar de escolha...

E se é comum,

como é comum ante

a possibilidade da possibilidade

da liberdade,

ali também habitar a angústia,

tanzânia de um lado,

mombaça doutro;

Deixo-me pastar

sem qualquer predileção,

guiada sem culpa ou pecado

no rastro cósmico da lua,

vontade,

de ser boi ou vaca

nem fêmea, nem macho

abaixar e erguer a cabeça

no cumprimento infinito

do mistério de existir...