MEU DESPERTAR LITERÁRIO

*

Clarão cósmico

Luminescência indefinível

Tomou conta de mim

- eu não estava mais em mim! -

Vaguei por terras distantes

Encontrei personagens lendários

Ouvi animais, vi letras caminharem

Em procissão jubilosa pelas terras gramaticais

Atravessei bosques, nadei em lagos místicos

Fui prisioneiro em calabouços medievais

Conheci o jurássico centro da Terra

Cavalguei no alado Pégaso e alcancei as estrelas

Rodopiei no espaço, sem ficar zonzo,

Na simples velocidade do pirlimpimpim

Orbitei asteróides principescos

- ah, como quis uma pétala da rosa mágica! –

A primeira viagem (inesquecível)

Latente ainda na memória

Foi um despertar alucinado

Aconteceu no distante e cordial reino

Quando visitei Sua Majestade, o Rei Canequinho

E vivi fantásticas e seriadas aventuras

Misterioso mapa levou-me a outras rotas

Peripécias novas, aquáticas e lunares,

Na companhia fascinante da atrevida boneca,

do enciclopédico sabugo: nobres sitiantes daquelas bandas

Dancei com fadas e gnomos em luxuosos salões

Apavorado, fugi de perversos vilões,

Bruxas desalmadas e impiedosos deuses olímpicos

Decifrei símbolos, compreendi letras e verbos

Entre a vírgula e o ponto, travessões e reticências

Sob o luar das mil e uma noites

Fiz amizades com sacis e meninos maluquinhos

Temi reizinhos mandões e gigantes antropófagos

Percorri outros tantos mundos

Universos paralelos, singulares, maravilhosos

Tão encantados quanto a vida real.

* Poema classificado no 5º Prêmio Literário Sérgio Farina

Raphael Cerqueira Silva
Enviado por Raphael Cerqueira Silva em 28/01/2017
Código do texto: T5895864
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