MEU DESPERTAR LITERÁRIO
*
Clarão cósmico
Luminescência indefinível
Tomou conta de mim
- eu não estava mais em mim! -
Vaguei por terras distantes
Encontrei personagens lendários
Ouvi animais, vi letras caminharem
Em procissão jubilosa pelas terras gramaticais
Atravessei bosques, nadei em lagos místicos
Fui prisioneiro em calabouços medievais
Conheci o jurássico centro da Terra
Cavalguei no alado Pégaso e alcancei as estrelas
Rodopiei no espaço, sem ficar zonzo,
Na simples velocidade do pirlimpimpim
Orbitei asteróides principescos
- ah, como quis uma pétala da rosa mágica! –
A primeira viagem (inesquecível)
Latente ainda na memória
Foi um despertar alucinado
Aconteceu no distante e cordial reino
Quando visitei Sua Majestade, o Rei Canequinho
E vivi fantásticas e seriadas aventuras
Misterioso mapa levou-me a outras rotas
Peripécias novas, aquáticas e lunares,
Na companhia fascinante da atrevida boneca,
do enciclopédico sabugo: nobres sitiantes daquelas bandas
Dancei com fadas e gnomos em luxuosos salões
Apavorado, fugi de perversos vilões,
Bruxas desalmadas e impiedosos deuses olímpicos
Decifrei símbolos, compreendi letras e verbos
Entre a vírgula e o ponto, travessões e reticências
Sob o luar das mil e uma noites
Fiz amizades com sacis e meninos maluquinhos
Temi reizinhos mandões e gigantes antropófagos
Percorri outros tantos mundos
Universos paralelos, singulares, maravilhosos
Tão encantados quanto a vida real.
* Poema classificado no 5º Prêmio Literário Sérgio Farina