Poema dos olhos da amada (Vinicius de Moraes)

Rio de Janeiro, 1959

Vinicius de Moraes e Paulo Soledade

Ó minha amada

Que olhos os teus

São cais noturnos

Cheios de adeus

São docas mansas

Trilhando luzes

Que brilham longe

Longe nos breus...

Ó minha amada

Que olhos os teus

Quanto mistério

Nos olhos teus

Quantos saveiros

Quantos navios

Quantos naufrágios

Nos olhos teus...

Ó minha amada

Que olhos os teus

Se Deus houvera

Fizera-os Deus

Pois não os fizera

Quem não soubera

Que há muitas eras

Nos olhos teus.

Ah, minha amada

De olhos ateus

Cria a esperança

Nos olhos meus

De verem um dia

O olhar mendigo

Da poesia

Nos olhos teus.

Amanda Damasio
Enviado por Amanda Damasio em 28/01/2017
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