Febbraio
("lasciate ogni speranza, voi ch'entrate"- Inferno, Canto III, A Divina Comédia, Dante Alighieri)
Fevereiro acaricia-me as lembranças,
E eis que sinto brotar em mim
As impressões de toda minha vida.
E brotam e morrem e partem e ficam
E eu nesta impotência, a esperar...
O que? Não sei.
Fevereiro abraça, fevereiro vai passando,
E eu que fico num tempo só,
Num tempo cheio de não sei quê...
Tarde nasce e tarde morre,
E eu vivo e vou pensando...
Quem me dera saber
O que vai dentro de mim,
O que vai com fevereiro.
Fevereiro brinca, fevereiro ri,
Quem me dera ser igual a fevereiro,
Poder brincar e rir demais!
Quem me dera poder voltar todo ano,
Experiente das coisas desta vida
E não ser eternamente esperançoso
Como os que vivem a primeira vez.
(Pitangui, MG/1967)