CHUPETA DE BRASA.

Me desculpem os fumantes

Eu não quero ser grosseiro

Os alarmes são constantes

Sobre o fumo traiçoeiro

Vicia, adoece e mata

O seu nó ninguém desata

Ele é mesmo um vilão

Atira feito um soldado

E o alvo mais afetado

Que sofre é o pulmão.

Eu vou contar o que é

Essa chupeta de brasa

Quem usa dá marcha ré

Não adianta, atrasa

Certa vez lá no inferno

Onde o fogo é eterno

Se deu um caso danado

De um capeta atrevido

Por ter desobedecido

Teve que ser condenado.

O inferno tava passando

Por momentos delicados

Havia um quadro faltando

Mais de trinta condenados

O diabo vendo o jogo

Começou a cuspir fogo

Por está com pouco lucro

Pra correr do prejuízo

Chamou um cão sem juízo

Abestalhado e xucro.

*"Vá na igreja agora

Mas a nada repreenda

E espalhe sem demora

A fofoca a contenda

Finja que é um fiel

Cumpra o seu papel

Essa é a sua missão

Fazendo tudo direito

Eu ficando satisfeito

Lhe dou uma promoção*"

*"Enquanto isso eu fico

Preparando a chegada

Não jogo e nem arrisco

Eu quero a conta fechada

Tô confiando em você

Não deslize e nem me dê

Mancada na minha frente

Pra não ficar espetado

E eu te comer assado

Na ponta do meu tridente*"

O capeta amador

Aspirante do inferno

Se disfarçou de pastor

Botou gravata e terno

Deu um nó de repuxo

E foi num carro de luxo

Da cor de uma cereja

Partiu rumo a cidade

Entupido de maldade

Procurando uma igreja.

Esse capeta safado

Fazedor de desgraça

Era doido e viciado

Na danada da cachaça

Era tanta aguardente

Dentro do inferno quente

Que o rabo derretia

Quando ele abria a boca

O inferno da a louca

E a capetada caia.

Quem tem o vicio da cana

Não toma água nem suco

E com tudo se engana

Vive tonto e maluco

Assim foi com o tinhoso

Besta e preguiçoso

Usou outro artificio

Bebeu tanta da cerveja

Que esqueceu da igreja

Foi pro baixo meretrício.

Lá chegou botando banca

Parecendo um ricaço:-

*"Daqui ninguém me arranca

E o que vier eu traço

Eu pago toda a aposta

Sou o diabo que gosta

De enxofre e aguardente

Mando no fogo eterno

Sou diretor do inferno

Comigo é no tridente*"

Enquanto se pabulava

Na farra com as vadias

O satanás esperava

Por ele uns vinte dias

Já estava impaciente

Sem noticias do "demente"

Chamou o cão "sabido"

*"Me faça algo que preste

Vá atras daquele peste

Safado e enxerido*"

Com dois dias o "sabido"

Trouxe o "tonto" numa maca

O corpo todo moído

Com a cara de ressaca

Um cheiro de carrapato

De um perfume barato

Entranhado no cangote

A roupa toda surrada

A cara toda manchada

De batom de toda sorte.

Satanás deu um rangido

Que o inferno tremeu

Deu-lhe no pé do ouvido

Que ate no outro doeu

Cuspiu uma labareda

Fedendo a tripa azeda

Em cima do coisa ruim

E disse:-"cabra safado

Capeta tu tá lascado

Hoje eu vou te dá fim*"

*"Como é que se atreve

A fazer o que não mandei

Pois agora tu me deve

Tudo o que eu já te dei

Não mandei tu ir beber

Vais agora receber

A sentença infernal

Vai pagar o terno e carro

E fumar todo o cigarro

Em produção mundial*"

*"Tá vendo aqui essa régua

É pra medir o cigarro

Capeta filho da égua

Tu vai penar no pigarro

Com o pulmão na caverna

Sofrendo a tosse eterna

Da tua garganta rangir

Vou te marcar de carimbo

Vou entupir teu cachimbo

Tu vai fumar de cair*"

Como tudo tem limite

No inferno também tem

O capeta acredite

Chorava como neném

*"Doutor sei quer tô errado

Tomei um porre lascado

E não cumpri a missão

Mas não dê esse castigo

Me tire desse perigo

Me livre do alcatrão*"

*"Prefiro virar um anjo

Ou um santinho de barro

Ser a rosa num arranjo

A encarar o cigarro

Ter a vida imaculada

E ler a bíblia sagrada

Com o crucifixo na mão

Ajoelhar e rezar

Abrir a boca e tomar

O vinho da comunhão*"

*"Mas patrão por maldade

Me dê mais uma chance

Me cubra com crueldade

Que está no seu alcance

Eu viro um convertido

Tomo chumbo derretido

E num santo me amarro

Como um castigo perene

Mas chefe não me condene

A me lascar no cigarro*"

***Como vou lhe dá perdão

Se eu não fui perdoado

Eu não tenho coração

Sou traiçoeiro e malvado

Eu não gosto de bondade

Detesto a caridade

E no amor eu escarro

Portanto vou te dizer

Que terei grande prazer

Te viciar no cigarro***

Com um castigo tão duro

O capeta desertou

Escapou pulou o muro

Nunca mas ele voltou

mora não sei a onde

Não sei onde se esconde

Mas já ouvi um boato

Que ele toca sanfona

Num bar dentro da zona

No interior Crato.

Se nem o capeta quis

Fumar como castigo

Imaginem a cicatriz

Que faz esse inimigo

Com a brasa assassina

No inferno a nicotina

É pior do que a cruz

Se o fumo lhe obrigar,

O cão preferi largar

As trevas e ir pra luz.

Não faça de sua vida

Um inferno de fumaça

Nem sofra com a ferida

Que causa essa "desgraça"

Bicho ruim pra consumo

Não tem pior que o fumo

Que a saúde atrasa

mata mas do que a guerra

O pior cão dessa terra

É a chupeta de brasa.

Ebenézer Lopes
Enviado por Ebenézer Lopes em 26/01/2017
Código do texto: T5893071
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.