ESTOU...
Estou penumbra. Vagueio por inúmeras estradas.
Às vezes estou vulto e tenho muito medo do sol,
Porque na escuridão sem rutilância não há arrebol
E minha alma não vive, sobrevive só, em segredo.
Mergulho nas trevas onde água tem cor de sangue…
Estou elemento químico e vibro dentre sonoplastias
Que tecem a audição de todas as terríveis empatias
Sobraçando o mundo mesmo respirando o degredo.
Estou deserto. Minha areia viaja entre fortes ventos
E perante um oásis de púrpura excerto os tormentos
Que fogem do fogo e se disfarçam em pedras de gelo.
Estou sombra. Nas asas de minha volátil imaginação
Permito que minha inorgânica valse ao som do violão
E componha nas astúcias as partituras do estrangeiro!
DE Ivan de Oliveira Melo