TERRA À VISTA
A lua clara e nua
fulge, alegre, no infinito,
indiferente à dor que me faz um ser maldito,
perdido entre o cenário
da luzes fátuas da cidade.
Nessa errante claridade
o seu brilho me confunde...
Percorrendo-me as entranhas
um sabor de azedume
regurgita os sonhos mortos,
carregando na enxurrada
as migalhas da saudade.
Vejo o enterro dos meus erros
e, também, dos meus desejos
loucos... leves... vagos... tortos.
Sinto, agora, um longo arpejo
a tormar-me o peito inteiro!
É a terra prometida
se mostrando feiticeira
apressando-me a partida,
acenando prazenteira
com a certeza derradeira
de outros dias mais felizes
- sem temores, sem tormentos,
sem injúrias ou desacatos,
onde o próprio sentimento
é o senhor dos nossos atos.