A lenda
A pedra é parte que não define
Como o sonho na lógica desfia
No transado que segue e transgrede
A insônia vai e propaga-se na lenda
Que entra na realidade e perpassa em vão
No próprio mundo que tanto mal encerra
Em tempo fica a grandeza da lenda
Como o pensamento que pousa no silêncio
A vida múltipla dá-se as mãos em chamas
Abrindo na memória a flor silenciosa
Que perfuma o dia antes de abrir os olhos
Colando nas cores a tendência da primavera
Oxidaram no caminho a luz da lua
Deixando um escrito em versos sofridos
E na porta da alma encontra-se a solidão
Ao sabor poético de todas as lendas
Na noite o sono declina na penumbra
Cercado de uma emoção quase mística
Numa iluminada aquarela a lenda se finda
E ejacula uma tristeza na forma do eco
O tempo elabora uma saudade de seda
E canta o amor suave em sombras
Para vibrar e transformar tudo em feição
Que lateja no silêncio de uma lenda desfigurada
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