Nova Era
Pelos meandros do mar absoluto
soçobrou a escuna de pensamentos revoltos
réstias de porções de terras inférteis
que teimavam ganhar espaço em minha mente.
O firmamento produzira a estrela primeira
a mirar o seu lusco-fusco no meu trajeto errante
desfraldando a vela e vê-la enfunada criar ritmo
nas lonjuras, após saltar tantas dobras de ondas
Luzes de um farol milenar iluminavam fosforescentes
a ribalta dos meus devaneios indissolúveis
guardados antes ao lume de um círio em quarto de fundo
de um terreno alagadiço onde se derrapava no lodo
Tudo se evaporou após um vendaval súbito e fumarento...
confundia-se com as brumas de uma manhã entorpecida
rasgando o enxoval da noite de madrugada enregelante
ainda a respingar orvalhos cristalizados feito pérolas ao sol
Cerro os meus olhos e tento buscar algo de mim
na linha que rasga a barra da manhã efervescente
enquanto uma lua peregrina rumo ao vértice de uma montanha
além dos mares que interceptam os continentes
muito além da vastidão de todos os acidentes geográficos
Hei de saber dos limites existentes que meus pés não alcançam
do afortunado poder que o tempo exerce sobre mim
do somatório de todas as suas insígnias e seus mistérios
nem tanto a busca, nem tanto desejos, apenas o encontro comigo
nos desvãos de uma nova era, nos braços de um postulante recomeço.