Nova Era

Pelos meandros do mar absoluto

soçobrou a escuna de pensamentos revoltos

réstias de porções de terras inférteis

que teimavam ganhar espaço em minha mente.

O firmamento produzira a estrela primeira

a mirar o seu lusco-fusco no meu trajeto errante

desfraldando a vela e vê-la enfunada criar ritmo

nas lonjuras, após saltar tantas dobras de ondas

Luzes de um farol milenar iluminavam fosforescentes

a ribalta dos meus devaneios indissolúveis

guardados antes ao lume de um círio em quarto de fundo

de um terreno alagadiço onde se derrapava no lodo

Tudo se evaporou após um vendaval súbito e fumarento...

confundia-se com as brumas de uma manhã entorpecida

rasgando o enxoval da noite de madrugada enregelante

ainda a respingar orvalhos cristalizados feito pérolas ao sol

Cerro os meus olhos e tento buscar algo de mim

na linha que rasga a barra da manhã efervescente

enquanto uma lua peregrina rumo ao vértice de uma montanha

além dos mares que interceptam os continentes

muito além da vastidão de todos os acidentes geográficos

Hei de saber dos limites existentes que meus pés não alcançam

do afortunado poder que o tempo exerce sobre mim

do somatório de todas as suas insígnias e seus mistérios

nem tanto a busca, nem tanto desejos, apenas o encontro comigo

nos desvãos de uma nova era, nos braços de um postulante recomeço.

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 25/01/2017
Código do texto: T5892299
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