Renasço em Mim

Após renascer em mim

Percebi a grandeza das cores

O aroma das flores

Espalhadas no jardim

O trinar dos passarinhos

Nas árvores do quintal

A brincadeira dos menininhos

Tornou-se-me um festival

O balido das ovelhas

E o tilintar dos cincerros

Duas músicas parelhas

Na planura dos íngremes aterros

As nuvens me acenam com brancos lencinhos

Pintei o sete no azul democrático do céu

O murmurar dos riachos à terra rentezinhos

A lua ressurgindo do horizonte de grinalda em véu

Ah, conta-me a história dos entezinhos vaporizados

Que aparecem na friagem das longas madrugadas

Roubam-te o sono e deixam teus olhos cristalizados

Mas incrustam poesias nessas tuas noites alongadas

Cochicha as falas dos reis e rainhas do teu castelo

Que paradeiro tomou na inércia do tempo ressecado

Pelo sol que arde em teu peito feito pão em farelo

E te anuviou a mente nos teu passo largo e enamorado

Inclina-te um pouco e me fala baixinho, no mínimo tom

Se acordar para a vida é fogo repartido em centelhas

Ou temos em nosso âmago este vesperal e divino dom

Posto que alegria a me transbordar acaso tua assemelhas?

Passei a corda no galho de uma árvore bastante frondosa

E jogo meu corpo ao vento no vaivém da tábua do balanço

Feito moleque que grita à vida extraordinária e fabulosa

Quais os astros celestiais diariamente me refaço e me relanço

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 25/01/2017
Código do texto: T5892296
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