Renasço em Mim
Após renascer em mim
Percebi a grandeza das cores
O aroma das flores
Espalhadas no jardim
O trinar dos passarinhos
Nas árvores do quintal
A brincadeira dos menininhos
Tornou-se-me um festival
O balido das ovelhas
E o tilintar dos cincerros
Duas músicas parelhas
Na planura dos íngremes aterros
As nuvens me acenam com brancos lencinhos
Pintei o sete no azul democrático do céu
O murmurar dos riachos à terra rentezinhos
A lua ressurgindo do horizonte de grinalda em véu
Ah, conta-me a história dos entezinhos vaporizados
Que aparecem na friagem das longas madrugadas
Roubam-te o sono e deixam teus olhos cristalizados
Mas incrustam poesias nessas tuas noites alongadas
Cochicha as falas dos reis e rainhas do teu castelo
Que paradeiro tomou na inércia do tempo ressecado
Pelo sol que arde em teu peito feito pão em farelo
E te anuviou a mente nos teu passo largo e enamorado
Inclina-te um pouco e me fala baixinho, no mínimo tom
Se acordar para a vida é fogo repartido em centelhas
Ou temos em nosso âmago este vesperal e divino dom
Posto que alegria a me transbordar acaso tua assemelhas?
Passei a corda no galho de uma árvore bastante frondosa
E jogo meu corpo ao vento no vaivém da tábua do balanço
Feito moleque que grita à vida extraordinária e fabulosa
Quais os astros celestiais diariamente me refaço e me relanço