Página Póstuma
Morreu hoje,
Em canto algum...
Atendia pela alcunha que lhe davam,
Os que tal necessidade sentiam,
Zé ninguém ou qualquer outra,
Jamais houvera nome que o rotulasse.
Andava nu,
Não tinha pudores,
Nem dores,
Nem amores
Bicho ou gente de estimação.
Jamais sentiu fome, sono ou prazer,
Nunca lutou por nada,
Sem traço de ego,
Nem mesmo de defecar precisava.
Morreu assim,
Sem nunca ter sido,
Não foi número, estatística ou registro,
Nem expectativa dos sonhos de ninguém
Sem escolhas ou arbítrio,
Sobrou dele a utopia,
Um mito de liberdade,
Que homem algum consegue ter.
PS: A quem ler esse poema. A Liberdade é algo que existe?