Noite-Geladeira
Caminho...
Seu caminho igual ao meu.
Junho.
Noite-Geladeira respirava na cara da gente,
De terno preto, cheio de condecorações...
Seu caminho igual ao meu.
Descer ladeiras, subir ladeiras,
Tropeçar nas pedras do calçamento
E nos pés-de-moleque...
E você ria de mim.
Contar estrelas, saber de nobreza,
Desse herói, o Noite-Geladeira.
No terno preto,
As estrelas passavam, levando telegramas, bem depressa.
E as perguntas:
- Foguete russo ou americano?
- Que nada, lágrimas do São João.
Té manhã...! Lembra de mim!
Qual hoje é o seu caminho?
Noite-Geladeira falou que vai voltar,
Com muita estrela no paletó.
Caminho...
Não tem graça tropeçar em tanta coisa,
Sem ninguém pra rir de mim!
Caminho...
Té manhã...! Lembra de mim, junho que vem!
(Belo Horizonte, MG/1970)