“O cor-de-rosa é um vermelho... mas muito devagar”
Gosto de gostar de gente.
Necessito gostar de gente.
Sou meio acanhado, mas sou vário...
Sou coletivo. E gosto até dos que de mim
não gostam. Gosto muito mais dos que me gostam!
Não sou muito bom em nada.
Comporto-me como se fosse...
Vivo me aperfeiçoando nos outros.
Sigo aprendendo, longe de estar completo.
Nem quero estar pronto, quero é me renovar a cada dia!
Quando escrevo um poema
alguém já o fez anteriormente,
com outras palavras, com outro gosto.
Também não quero e não queria ser pioneiro.
Apenas sigo; como se quisesse encontrar a mim mesmo!
Eu gosto da lua.
Eu gosto muito mais de luar.
Não quero vencer na vida, me realizar.
Quero viver realizando, o realizado se finalizou.
Acredito em todos os homens, até nos vigaristas eu creio!
Para que piscina
se temos o mar aberto?
Todos estão certos e perfeitos
até prova em contrário, e para que provas?
Tenho tantos defeitos e procuro esquecê-los a meu modo!
Eu acredito em milagres.
Nada mais miraculosa que a
realidade de cada instante da vida.
O sobrenatural seria o natural mal explicado.
Isso se o natural também tivesse uma única explicação!
Eu gosto de todo mundo.
Gosto até de mim, eu transbordo...
Viver é expandir, iluminar, derrubar barreiras.
Eu gosto de crianças, o mundo delas não tem limites.
Lá... “O cor-de-rosa é um vermelho... mas muito devagar”!
Tudo que falo e escrevo
vêm do tempo de criança.
Ainda paro para ouvir a criança que há em mim.
Foi na infância que me gravaram as doces histórias.
E no hoje elas me temperam a vida que ainda me resta!
(poema escrito baseado numa entrevista a Clarice Lispector de PEDRO BLOCH – Pioneiro da foniatria no Brasil escreveu As mãos de Eurídice, um dos maiores sucessos teatrais brasileiros. Destacam-se também Dona Xepa e Os pais abstratos).