Então, ao misturar-me aos outros, que escondem o rosto,
Sou apenas mais uma face tatuada no hemisfério urbano,
Mas isso não me tira o sono.
No fio onde o pássaro ejeta dejetos nas cabeças,
Os pensamentos são o que são.
Nenhuma questão será definida
Enquanto houver um sopro de vida.
Vejo tantos prédios impiedosos querendo furar as nuvens,
Seus elevadores vão cada vez mais longe,
Cada vez mais alto,
Os homens sem asas querem voar.
Eles passam quebrando os vidros sozinhos,
Sozinhos eles quebram a monotonia,
Mas não se despedem da solidão.
Pneu preto marca o fim da rua,
A mulher desconfia do próximo transeunte,
É mentira que pisamos na lua,
Metade de nós não sabe o que é o PI.
Tem um poste no meio do caminho,
Essa poesia é mais moderna que Drummond,
Não se usa mais lenço de pano,
Não se joga mais bituca no chão.
As pessoas se reúnem no bar, às seis,
Alguns bebem café, outros lêem,
Outros apenas se sentam
Para olhar os pombos esfomeados,
Ou para saborear os salgados,
Cortesia da casa.
Ninguém mais se casa,
Ninguém mais reza,
Ninguém mais fala,
Ninguém mais chora,
Ninguém mais ri,
O computador está
Na ponta de seus narizes.
Elas são atrizes, eles são atores,
Fingem o orgasmo,
Até mesmo,
Seus amores.
O troco é dado em balas que ferem,
Esperem...
Nenhuma teoria é fato
Sem assinatura no contrato.
Seus olhos inclinam-se para um mundo
Onde seus olhos se limitam a ver
Que este velho mundo não pode mais
Ser o mesmo mundo em que vivem agora.
Os mares se manifestam em ondas,
O fogo se espalha em silêncio,
Os mortos estão em seus quartos,
Um quarto de água,
Um pouco de terra.
A esfera continuará dando voltas
Em torno de seu eixo imaginários,
Enquanto falsos escapulários
Pulam de seus pescoços.
Quieto, moço, estou pensando!
Séculos a fio com o pavio aceso,
E a bomba não explode.
O futuro não tem nome,
Seus filhos não terão,
Suas mulheres não serão,
Eles mesmos não saberão,
Para que serve esse coração
Que está ocupando espaço em seus peitos.
Mário Sérgio de Souza Andrade – 22-01-2017
Sou apenas mais uma face tatuada no hemisfério urbano,
Mas isso não me tira o sono.
No fio onde o pássaro ejeta dejetos nas cabeças,
Os pensamentos são o que são.
Nenhuma questão será definida
Enquanto houver um sopro de vida.
Vejo tantos prédios impiedosos querendo furar as nuvens,
Seus elevadores vão cada vez mais longe,
Cada vez mais alto,
Os homens sem asas querem voar.
Eles passam quebrando os vidros sozinhos,
Sozinhos eles quebram a monotonia,
Mas não se despedem da solidão.
Pneu preto marca o fim da rua,
A mulher desconfia do próximo transeunte,
É mentira que pisamos na lua,
Metade de nós não sabe o que é o PI.
Tem um poste no meio do caminho,
Essa poesia é mais moderna que Drummond,
Não se usa mais lenço de pano,
Não se joga mais bituca no chão.
As pessoas se reúnem no bar, às seis,
Alguns bebem café, outros lêem,
Outros apenas se sentam
Para olhar os pombos esfomeados,
Ou para saborear os salgados,
Cortesia da casa.
Ninguém mais se casa,
Ninguém mais reza,
Ninguém mais fala,
Ninguém mais chora,
Ninguém mais ri,
O computador está
Na ponta de seus narizes.
Elas são atrizes, eles são atores,
Fingem o orgasmo,
Até mesmo,
Seus amores.
O troco é dado em balas que ferem,
Esperem...
Nenhuma teoria é fato
Sem assinatura no contrato.
Seus olhos inclinam-se para um mundo
Onde seus olhos se limitam a ver
Que este velho mundo não pode mais
Ser o mesmo mundo em que vivem agora.
Os mares se manifestam em ondas,
O fogo se espalha em silêncio,
Os mortos estão em seus quartos,
Um quarto de água,
Um pouco de terra.
A esfera continuará dando voltas
Em torno de seu eixo imaginários,
Enquanto falsos escapulários
Pulam de seus pescoços.
Quieto, moço, estou pensando!
Séculos a fio com o pavio aceso,
E a bomba não explode.
O futuro não tem nome,
Seus filhos não terão,
Suas mulheres não serão,
Eles mesmos não saberão,
Para que serve esse coração
Que está ocupando espaço em seus peitos.
Mário Sérgio de Souza Andrade – 22-01-2017