RAIOS DE SOL
Choveu há pouco, quase não se percebe:
o calor e o trânsito continuam, incômodos,
as aulas no Conservatório seguem, impassíveis,
as roupas no varal praticamente não se molharam.
O sol retornou, lançando derradeiros raios
no meu jeans úmido, no prédio em construção
e, certamente, na minha coleção do Paulo Coelho
exposta lá no quarto, na prateleira do meio.
Raios que se recusam a deixar a cidade
misturados às nuvens, pintam o céu
artisticamente com tons laranja e vermelho
me emocionam, como uma lembrança da infância.
Garças passam rente à varanda, silenciosas,
enquanto nuvens rosadas formam castelos
e exóticas figuras em minha homenagem.
Alguém, não tão longe, ouve “Sweet child o’mine”.