Retrato político de 2017
O delírio dos ingênuos
Para a poética do ócio trabalhar-me com rigor
Na tela de minha cama expondo-me na galeria
Onde é garantia lotada de minha bagunça
Como público fiel e contemplativo de meu quarto;
O deleite dos cínicos
Para andar descalço na terra de meu país
Despreocupado em emporcalhar-me
Enquanto temer suja-o de sangue,
Para livra-se de lava-jato não preocupo;
O delíquio da razão
Para subverter os fatos em vertigens globais
Articulando a verdade através do fantástico
Mobilizando o ódio da população para um molusco
Para extirpar o motivo indecentemente destro;
A delação do profeta
Para um mouro guiar a todos contra o Mar Vermelho,
Para esperarmos sempre pela terra prometida
Nos gastando na fé como fuga do arrependimento
De sermos espectadores da nossa fraude;
O delírio dos ingênuos
Para agógica de nossos pés na marcha fúnebre,
O deleite dos cínicos
Para sorrir aos aviões cadentes,
O delíquio da razão
Para estar debilitado como álibi para ser enganado,
A delação do Poeta.