Retrato político de 2017

O delírio dos ingênuos

Para a poética do ócio trabalhar-me com rigor

Na tela de minha cama expondo-me na galeria

Onde é garantia lotada de minha bagunça

Como público fiel e contemplativo de meu quarto;

O deleite dos cínicos

Para andar descalço na terra de meu país

Despreocupado em emporcalhar-me

Enquanto temer suja-o de sangue,

Para livra-se de lava-jato não preocupo;

O delíquio da razão

Para subverter os fatos em vertigens globais

Articulando a verdade através do fantástico

Mobilizando o ódio da população para um molusco

Para extirpar o motivo indecentemente destro;

A delação do profeta

Para um mouro guiar a todos contra o Mar Vermelho,

Para esperarmos sempre pela terra prometida

Nos gastando na fé como fuga do arrependimento

De sermos espectadores da nossa fraude;

O delírio dos ingênuos

Para agógica de nossos pés na marcha fúnebre,

O deleite dos cínicos

Para sorrir aos aviões cadentes,

O delíquio da razão

Para estar debilitado como álibi para ser enganado,

A delação do Poeta.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 21/01/2017
Reeditado em 29/11/2023
Código do texto: T5888591
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