ESTILO CRAQUELÊ
De súbito ,
Eis-me no vernissage do Homem!
Desperto dentre telas
Sem saber se sonho ou se vegeto.
Impressionante espetáculo!
Cores várias irreconhecíveis
Mesclam a realidade impressionista
Sob um fundo de tela fissurado.
Pincéis psicóticos e aleatórios
Disputam vagas vencedoras
Dentre super telas surrealistas!
Podridrão emoldura as mil telas dos infernos...
No tema “zumbis em vida”
Reproduzidos e abatidos em escala de morte.
Vejo um globo craquelado
A girar sem sentido
Numa pseudo resiliência cósmica,
Bombardeio quântico!
Num espaço das dimensões intangíveis,
Qual uma bússola que norteia
A contra-mão da vida.
Pincela-se lixos em asteróides
Em "nobre" estilo de vanguarda.
Uma tela negra simula a sucatada noite
Em perene negritude de estrelas apagadas
Aonde falsos sóis em curto-circuito
Já não iluminam insanas cores alienadas.
Uma árvore tomba exaurida no solo drenado
A dar passagem ao concretismo que mata.
No psicotismo craquelado
Alvéolos sufocados colabam a vida
Sempre invisível
Donde troféus sem sentido
Coroam as patéticas arrogâncias endeusadas.
Perde-se a referência do tempo perdido...
Dentre as vazias telas do tudo...
Nas psicóticas obras do nada.
Eis-me que de súbito
Desperto no vernissage do Homem.
Não sei se sonho ou se vegeto,
Não sei qual tela é a minha.
Insisto em ser sentido.
E agora?
Re-ritmizo –me no meu verso.
Amor... eis-me em tela gotejante!
Tinta em "fade" sufocante,
Que não tem aonde ficar.
Estilo meu: não delirante,
Em metafísica ofegante
De poder me pincelar.