Templo Moderno do Deus do Vinho

Sob a noite recifense,

Vejo o céu crioulo

Festejar junto aos bêbados loucos,

No Recife Antigo,

Todos entregues

Às fervorosas graças

De Dionísio.

Diana está lá de cima,

Feliz e sorridente,

Mostrando-se completa,

Como que deitada,

Na cama quente

De um embriagado poeta.

Todas as estrelas dançam

Ao som do maracatu,

Que ecoa pelos muros,

Cheios de história,

Da Rua da Moeda,

Cada toque na alfaia,

De amarelo mofo,

Faz tremer a Terra

- bem como o céu,

que da sua morbidez se liberta -

E mais cedo Apolo desperta,

E espia o mundo pelo horizonte,

Sua eterna janela,

As almas boêmias pernambucanas,

Que se divertem,

E bebem,

Com as bacantes

E Dionísio.

- ele pode estar morto

lá nos templos longínquos da Grécia,

mas nas noites do Recife Antigo,

o deus do vinho de dois reais

nunca esteve tão vivo -

André Espínola
Enviado por André Espínola em 01/08/2007
Código do texto: T588745
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.